Alberto Caires

 Alberto, o oculista

Alberto Caires começa cedo a trabalhar numa óptica. A dada altura, sente vontade de investir no seu próprio caminho. Entra na restauração e no negócio que bem conhece.


por: Paulo Camacho



Nasce no Funchal. Estuda até meio do ensino secundário, fazendo-o na Escola Industrial e Comercial do Funchal, atual Escola Secundária de Francisco Franco.
Cedo procura independência económica.
Certo dia, um colega pergunta se quer trabalhar. Alberto Caires considera oportuno, sobretudo, porque o pode fazer durante o dia e aproveitar a noite para estudar.
Assim acontece, em 1959.
Com 14 anos dirige-se para o primeiro contacto com o Bazar do Povo.
Depois de se inteirarem das ideias do jovem candidato ao emprego, aceitam-no. Vai para a secção de ótica da emblemática loja do centro da cidade do Funchal. É o primeiro passo num setor que o acompanha até hoje.
Algum tempo mais tarde é convidado por lojas concorrentes.
Apesar de poder ganhar mais, considera não ser oportuno, sobretudo por saber que tem o serviço militar obrigatório para fazer.
Cumpre 37 meses de serviço militar, basicamente com trabalho de secretaria.

Na concorrência

Depois de cumprida a “tropa”, volta a ser convidado pela concorrência. Aceita. Vai trabalhar numa empresa de ótica.
A dada altura do seu percurso, com experiência acumulada, sente que pode seguir o seu próprio caminho. Embora a intenção primordial seja abrir uma ótica, é convidado para ter sociedade num restaurante.
Apesar de apenas perceber e gostar de comer e nada de confecionar, considera uma oportunidade para conseguir amealhar dinheiro para suportar o investimento inicial que uma ótica requer.

O “Tangerina”

Entra na sociedade no Restaurante Tangerina, na Rua das Mercês. Torna-se muito conhecido e frequentado.
Aos poucos, começa a ver o resultado do esforço. A ideia é trabalhar até vender o “Tangerina”, para investir numa boa ótica.
Trabalha muito, inclusivamente no dia de Natal. A acumular com o labor noutra ótica, vai ao restaurante das sete às nove, durante a hora do almoço e à noite.
A ideia de vender o restaurante mantém-se. Para o fazer, conta com os emigrantes, sobretudo da Venezuela, para conseguir um bom encaixe. Mas os tempos em terras de Símon Bolívar entram numa fase menos boa. Daí resulta uma retração no investimento exterior.
Alberto Caires vê-se a braços para materializar a sua intenção.
Contudo, um dia, tem oportunidade de investir numa loja própria situada num vão de escada, na Rua Dr. Fernão de Ornelas.
É um local onde, até então, funcionara uma casa de fotografia.

A 1.ª Alberto Oculista

Assim surge a primeira Alberto Oculista, uma loja que ainda hoje mantém. Não sente dificuldade em se afirmar.
Acumula os dois negócios. Nas horas vagas da ótica trabalha no restaurante, de manhã cedo, ao almoço e à noite. As duas horas de encerramento da loja ao almoço são passadas no restaurante.
Entretanto, surge a oportunidade de abrir uma nova loja, na Rua 5 de Outubro.
Consegue vender o restaurante.
Abre uma nova loja na Rua Dr. Fernão de Ornelas, onde, até então, funcionara a Manteigaria Zarco.
Muitas outras lojas sucedem no Funchal, em Machico, na Ribeira Brava, e em outros lugares e também no continente. São lojas Alberto Oculista/Multiópticas e ainda a Sun Planet, que se destinam exclusivamente à comercialização de óculos de sol.
A associação à multinacional Multiópticas surge com naturalidade por querer ampliar os negócios.

A presença em feiras

Durante o seu percurso, Alberto Caires vai a muitas feiras: as principais. Esta constante aprendizagem permite não só ficar a par das novidades mas, também, aumentar e solidificar a rede de contactos. São estas amizades que fazem com que, durante a fase de expansão da empresa Multiópticas, tenham privilegiado o empresário madeirense para proceder à expansão para a Madeira. Uma aposta que querem fazer através de “franchising” e não através de lojas próprias.
Inicialmente espanhola, a Multiópticas passa para um grupo holandês, com cerca de 500 óticas na Europa.
Durante a sua vida profissional, o empresário vai a muitas feiras setoriais. Gosta muito da de Madrid. Também aprecia a de Paris e a da Alemanha.
São estas e outras feiras que mostram as tendências da moda para o ano seguinte. É uma forma de poder andar sempre em cima das novidades e tê-las nas lojas sempre que o cliente as procure.
No entanto, mantém-se a tradição de virem à Madeira muitos vendedores de representantes de fábricas em Portugal com colecções de óculos.

Restaurantes, de novo

E, depois de anos, Alberto Caíres volta a investir na restauração. Apesar de, após a venda do “Tangerina”, não querer pensar mais neste tipo de negócios, surge a oportunidade de investir no restaurante e residencial “O Facho”, em Machico. Adquire o restaurante Miraflores, à entrada da Rua Dr. Fernão de Ornelas.
Alberto Caires tem largas dezenas de colaboradores nas diversas lojas e negócios. Em matéria de “hobbies”, não os tem. O tempo disponível que tem, dedica-o ao trabalho. E, o livre aproveita para estar em casa a descansar e a ler. Lê informação, sobretudo de economia, que o permite estar a par do que se passa na Madeira, no País e no Mundo.
Vê igualmente televisão, onde aprecia ver jogos de futebol.

Negócios e lazer

Viaja muito. Não só em lazer mas também em negócios, que procura conciliar também com algum tempo para descansar e conhecer.
Procura fazer férias duas vezes por ano, uma no início do ano e depois mais para a frente.
Levanta-se cedo, pelas sete horas. Passa pelos negócios, até regressar a casa, onde aproveita a noite para pensar, depois de um dia de execução.

B. I.
Nome: José Alberto Fernandes Caires
Data de nascimento: 1945-7-23
Naturalidade: São Roque
Estado civil: casado
Filhos: 2 (1 casal)


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