Ângelo Pestana

Um empreendedor na cidade

Ângelo Pestana começa cedo a trabalhar. Aprende rápido e depressa sente a necessidade de traçar o seu próprio  rumo. Compra uma, duas... várias lojas.
Depois investe no turismo, no Funchal e no Caniço.

por: Paulo Camacho


Ângelo Pestana começa cedo a trabalhar. O primeiro emprego é na Casa das Linhas, no centro do Funchal, onde hoje se encontra o Banif.
Mais tarde, dentro da mesma empresa, é convidado a trabalhar noutra loja: a Casa Inglesa, a poucos metros de distância, na Rua Câmara Pestana. Os patrões de então consideram que tem mais apetência para trabalhar com tecidos a metro.
Ao mesmo tempo, estuda à noite, no Externato do Prof. Carlos Guerra. Faz o curso de Guarda-livros. Considera que o período em que trabalha nas duas lojas constitui uma grande escola de formação profissional.
Ângelo Pestana recorda que durante um certo tempo sente o desejo de emigrar. Parte da família está na Venezuela. Mas não se proporciona. “Emigra” entre portas, já que decide estabelecer-se, no comércio de pronto-a-vestir, uma aposta na confecção, numa altura em que existem poucas lojas nessa área na Madeira.

De empregado a empresário

Deixa a empresa onde trabalha e adquire, em sociedade, a Casa da Madeira, na Rua dos Ferreiros. Uma loja que, mais tarde, muda para Michel, o nome em francês do filho, Miguel.
De início, a loja também vende tecidos a metro. No entanto, como sempre se dá bem com o antigo patrão, uma pessoa por quem tinha muita estima (extensível a toda a família), decide acabar com a comercialização de tecidos.
Entra igualmente na comercialização na construção civil. Contrata a construção e vende casas em banda. É uma altura em que se vende bem os imóveis.
Um dia, com a falta de tempo, decide suspender esta actividade.
Dedica-se mais profundamente às lojas de pronto-a-vestir. Mais lojas na cidade
Por essa altura, ao fim de cinco anos, o sócio decide sair da sociedade e enveredar pela construção.
Ângelo Pestana continua sozinho.
Modifica a loja. A partir dessa altura, muda então o nome para Michel, por entender que fica melhor do que Miguel ou Miguel Ângelo, como se chama, realmente, o filho. Hoje, a loja tem 200 m2.
A partir daquela base, cria outros projectos na mesma área. Uma área que considera motivante e, ao mesmo tempo, desgastante, por estar permanentemente à prova, precisamente por querer ter sempre a roupa da moda. Roupas que compra em Portugal e no estrangeiro, em compras que obrigam a grande sensibilidade e perspicácia para saber quais os tons que vão pegar. Umas vezes consegue, outras nem por isso.
Depois da Michel, cria, ao lado, uma outra loja: a Suzy. É igualmente o nome da filha, Susana. Comercializa roupa de criança.
Posteriormente, compra a Milano, com roupa de homem. Adquire uma outra loja, em frente desta última, onde implanta a Origem.
Mais tarde, surge a Ori Stock e, mais recentemente, em Outubro deste ano, a Tintoretto.

Origem

No caso concreto da Origem, é uma marca “franchisada”, que surge na Madeira devido à insistência de Ângelo Pestana para a implantar numa ilha que ainda não conhece o “franchising”.
Na altura, não fala concretamente em “franchising”, mas o conceito que delineia é semelhante.
Quinze dias depois da sugestão, os empresários do norte de Portugal, de que é amigo, decidem fazer o negócio para a abertura da loja Origem na Madeira. O projecto inicia-se no princípio de 1996. Em termos práticos, é a primeira loja Origem a funcionar em regime de “franchising”.
Hoje, a Origem tem alguma expansão, sobretudo no norte. Mas também já está no estrangeiro, no Médio Oriente.
É uma marca que se destina ao público jovem, que gosta de mudar com frequência de roupa. Tal como diz, as confecções Origem têm qualidade e bom preço.
E é igualmente com a Origem que abre uma loja no MadeiraShopping, um pouco a contra-gosto. Não porque seja contra mas porque antes se manifesta desfavoravelmente aos custos que acarreta, neste caso concreto.
Ângelo Pestana refere que a iniciativa partiu da empresa nortenha que quer uma loja no centro comercial, a exemplo do que acontece em espaços congéneres no continente.
O empresário madeirense faz contas e apercebe-se de que não há espaço para duas lojas Origem no Funchal. Mas, perante a insistência e a eventualidade de o “franchising” do novo espaço ir para outra pessoa, avança.
Passados alguns meses, as contas reais dão-lhe razão. Os números são fracos e, com cerca de 20 meses de presença no MadeiraShopping, fecha.
Considera que a loja é muito bonita mas que lhe custa muito dinheiro, obrigando-o mesmo a um grande esforço financeiro. Mas não encontra outra solução senão desactivar a loja.
No entanto, não fecha a porta a abrir novamente uma segunda Origem noutro espaço com dimensões semelhantes, caso apresente condições mais vantajosas.

A Casa Inglesa

Em 1998 compra a Casa Inglesa, uma loja onde trabalha no início da sua carreira profissional.
Neste momento tem em fase de projecto uma nova loja de pronto-a-vestir, com uma dimensão que diz ser razoável para expor uma colecção.
Em princípio, abre no próximo ano.
No caso da Tintoretto, considera ser uma excepção aos 100 m2 tidos como ideais. A localização privilegiada sobrepôs-se.
Ângelo Pestana, como se vê, é um empresário que aposta claramente no comércio tradicional. Não esconde que gosta de estar na cidade do Funchal.
Uma cidade que considera ter as condições climatéricas ideais para proporcionar compras ao ar livre pelos madeirenses, que considera com muito bom gosto e bem informados.
Uma realidade que diz não acontecer no continente.

A hotelaria

A dada altura, entra na hotelaria, já nos anos 90, com a compra da pensão residencial Americana, no coração da cidade, bem junto às suas lojas, circundantes ao Largo do Chafariz. A ideia inicial é fazer evoluir o projecto para uma unidade de cidade.
Mas não consegue. Para já, restaura a unidade. Na altura, só quatro quartos funcionam. Os demais têm infiltrações de água.
Posteriormente, faz uma unidade no Caniço de Baixo. Ergue o Luasol, no local que compra para fazer uma casa. Segue-se a aquisição do vizinho Tropical. No global tem 67 quartos (T0, T1 e T2) no Caniço e 160 camas. Ali trabalham 30 pessoas e, no Funchal, quatro.

Gerir com eficácia

E, com uma actividade profissional muito preenchida, mesmo assim, Ângelo Pestana diz que há tempo para tudo. É preciso gerir com eficácia.
Gosta muito de nadar e de ler, sobretudo informação diária e económica.
Começa o dia muito cedo. Chega ao escritório pelas 7.45/8 horas.
Pelas 9 horas vai ao Café Funchal jogar às moedas com um grupo de 14 pessoas para ver quem paga o café.
Considera que a confraternização traz amizade e dinâmica.
Ao almoço repete o convívio.
Depois, anda muito pela área do Largo do Chafariz, junto às suas lojas. O resto do dia é preenchido com muita actividade.
Muitas vezes vai ao continente. A maior parte das vezes sai de manhã e regressa ao fim do dia. Uma actividade que faz há mais de 20 anos.
Importância da informação
No domínio das novas tecnologias está a dar os primeiros passos na Internet e no correio electrónico.
Já pesquisa muita informação, que vai buscar também ao canal de televisão “Fashion”, que passa moda todo o dia. Ali procura, sobretudo, a tendência de cor.
A roupa vai comprá-la com modelos seu gosto e que perspectiva virem a ser moda.

Ângelo Pestana gosta muito de viajar.
Procura conciliar a componente profissional com a de lazer. Mas também faz férias em pleno, no Porto
Santo, onde tem casa. Não se lembra de tirar 30 dias seguidos. As mais longas que faz são de três semanas.
Normalmente, opta por uma semana. Tudo porque está ciente de que o trabalho exige uma atenção permanente para satisfazer
cliente.

BI

Nome: Luís Ângelo Freitas Pestana
Data de Nascimento: 1-6-1942
Naturalidade: Santo António, Funchal,
Madeira
Estado Civil: Casado
Filhos: 2 (1 casal) e 1 neto

2003-11-07

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